Está Aqui

Até 12/07/2020

A exposição assinala os 30 anos da Fundação e os 20 anos do Museu de Serralves, apresentando a programação do Serviço de Artes Performativas entre 1999 e a atualidade. Nasceu e desenvolveu-se através de compromissos entre objetivos aparentemente inconciliáveis: por um lado, a necessidade de apresentar dados concretos (nomes, datas, imagens) que mostrassem onde, como e quando se apresentaram determinados artistas, e refletissem o caráter pioneiro da importância conferida às artes performativas por parte de Serralves; por outro lado, traduz aquilo que parece distinguir imediatamente estas artes: a implicação do espectador, o espírito eminentemente colaborativo, o "aqui e agora”, por oposição ao "isto foi”. Os compromissos passaram por expor documentação e permitir aos seus visitantes saber quem se apresentou em Serralves (e quando, como e onde), ao mesmo tempo que se apresentam elementos que convocavam o tal "aqui e agora”. A documentação foi incorporada através de um processo de colaboração: uma vez selecionadas pelos programadores Cristina Grande e Pedro Rocha as imagens e palavras que melhor ilustrassem os últimos vinte anos da sua programação (entre fotografias de cena e materiais gráficos que anunciavam e acompanhavam as atividades), foi pedido a um designer gráfico, Luís Teixeira, que concebesse um livro que nunca seria publicado, cujas páginas seriam exclusivamente apresentadas nas paredes da Biblioteca de Serralves, juntamente com filmagens de espetáculos e adereços a que os referidos programadores reconheceram especial importância. Ao mesmo tempo, decidiu-se ocupar uma área considerável do mezanino da biblioteca com um objeto que convocasse imediatamente a ideia de teatro e que conseguisse "ativar” o espectador: um pequeno palco à espera de ser ocupado. O visitante pode e deve sentar-se para ler (textos sobre a programação, livros incontornáveis para se entenderem atualmente as artes performativas) e, muito importante, para ouvir testemunhos e memórias de espetáculos escritos por cúmplices especialmente atentos à programação de artes performativas de Serralves — entre artistas, músicos, escritores e atuais ou antigos diretores e programadores de teatros e festivais de música e de performance — e depois lidos por dois atores. Estes testemunhos vieram conciliar o inconciliável: as memórias de determinados espetáculos, ou de concertos e performances — obrigatoriamente subjetivas, incompletas, fragmentárias — constituem o necessário contraponto aos dados, datas, cronologias, documentação. É em grande medida graças a eles que esta exposição não é apenas sobre "o que foi”; também é agora, e também é aqui.

Onironauta

Até 07/03/2020

9 €

Eles são sete, como os dias da criação. Sete bailarinos ou encarnações físicas de um onirismo sob controlo. Sete corpos saídos dos limbos amargos de um sono desperto, dirigido e condicionado. O de seu demiurgo, igualmente em cena, Tânia Carvalho, ao piano. A luz é chamada "dia" e as trevas "noite". "Onironauta" é o nome desta peça. Um nome emprestado a esses viajantes capazes de controlar os seus sonhos, de moldar, para eles sozinhos, um mundo de imagens e de sentidos. Tânia Carvalho é uma de entre eles. Criadora que nos convida, espectadores da sua viagem lúcida. Clarividente. Espectadores desses pedaços de sonho por vezes sombrios como o são os de uma coreógrafa que procura há muito forçar a saída dos seus pesadelos. Para torcer o pescoço às trevas. Para estrangular o real e as partidas que o seu espírito lhe prega. Tânia Carvalho cria pinturas comoventes, arrepiantes, que batem como alguns sonhos perturbadores dos quais se sai confuso e a tremer. Sempre inspirada. Acordada.