A exposição assinala os 30 anos da Fundação e os 20 anos do Museu de Serralves, apresentando a programação do Serviço de Artes Performativas entre 1999 e a atualidade. Nasceu e desenvolveu-se através de compromissos entre objetivos aparentemente inconciliáveis: por um lado, a necessidade de apresentar dados concretos (nomes, datas, imagens) que mostrassem onde, como e quando se apresentaram determinados artistas, e refletissem o caráter pioneiro da importância conferida às artes performativas por parte de Serralves; por outro lado, traduz aquilo que parece distinguir imediatamente estas artes: a implicação do espectador, o espírito eminentemente colaborativo, o "aqui e agora”, por oposição ao "isto foi”. Os compromissos passaram por expor documentação e permitir aos seus visitantes saber quem se apresentou em Serralves (e quando, como e onde), ao mesmo tempo que se apresentam elementos que convocavam o tal "aqui e agora”. A documentação foi incorporada através de um processo de colaboração: uma vez selecionadas pelos programadores Cristina Grande e Pedro Rocha as imagens e palavras que melhor ilustrassem os últimos vinte anos da sua programação (entre fotografias de cena e materiais gráficos que anunciavam e acompanhavam as atividades), foi pedido a um designer gráfico, Luís Teixeira, que concebesse um livro que nunca seria publicado, cujas páginas seriam exclusivamente apresentadas nas paredes da Biblioteca de Serralves, juntamente com filmagens de espetáculos e adereços a que os referidos programadores reconheceram especial importância. Ao mesmo tempo, decidiu-se ocupar uma área considerável do mezanino da biblioteca com um objeto que convocasse imediatamente a ideia de teatro e que conseguisse "ativar” o espectador: um pequeno palco à espera de ser ocupado. O visitante pode e deve sentar-se para ler (textos sobre a programação, livros incontornáveis para se entenderem atualmente as artes performativas) e, muito importante, para ouvir testemunhos e memórias de espetáculos escritos por cúmplices especialmente atentos à programação de artes performativas de Serralves — entre artistas, músicos, escritores e atuais ou antigos diretores e programadores de teatros e festivais de música e de performance — e depois lidos por dois atores. Estes testemunhos vieram conciliar o inconciliável: as memórias de determinados espetáculos, ou de concertos e performances — obrigatoriamente subjetivas, incompletas, fragmentárias — constituem o necessário contraponto aos dados, datas, cronologias, documentação. É em grande medida graças a eles que esta exposição não é apenas sobre "o que foi”; também é agora, e também é aqui.
Descrito como “uma mistura de sensibilidade emo com hip-hop” pela revista de música NME, Ghostemane, conhecido como Eric Whitney, sediado em Los Angeles, começou a fazer música com o coletivo Schemaposse e lançou a música “1000 Rounds” com Pouya, que já foi visualizada mais de 17 milhões vezes no YouTube. “Mercury: Retrograde”, o seu tema mais rodado, acumulou mais de 54 milhões de streams no Spotify e 166 milhões no YouTube. Nos últimos anos, Ghostemane lançou mais de uma dúzia de projetos que abrangem quase meio bilião de streams em todas as plataformas, sendo um deles o mais recente EP de 2019, “Human Error” com o produtor ParvO. Nos últimos dois anos, Ghostemane viu em cada espetáculo o seu culto crescer e Portugal faz parte dessa história.
Tudo isto é sobre o fim de uma relação, a destruição de dois corpos que se amam ou amaram ou apreciaram a ideia de se amarem, inseridos num cenário de festa, de aniversário de um dos intervenientes, que é também um ensaio de teatro. Num jogo constante de perversão e provocação – por vezes, quase infantil, corpo imóvel e corpo 2 (como que figuras espelho de Hipólito e Fedra) permitem-se ser peças de um jogo não totalmente decifrável, para assim se chegar a um ajuste de contas. Essa “luta” caminha até um sítio de vingança, onde um dos corpos terá de se esquecer e (auto) destruir totalmente, de forma a atingir uma certa purificação e perdão. É essa purificação o estado que se procura: a busca de um amor quase dependente e total – sendo essa entrega total uma condição impossível falando nós de humanos, e de máquinas individuais, com desejos e vontades próprias e unas. Pretendo, a partir deste espetáculo, iniciar um ciclo de duetos, no qual trabalharei todos os anos, num clima de intimidade, com um/uma intérprete, a partir de diretrizes mais ou menos específicas, com a única condição da equipa ser somente composta por mim e essa outra pessoa. No fundo, a criação de um universo teatral que funcione meramente a dois.
Editado há um ano, o álbum Estrangeira iniciava a sua divulgação quando, devido a uma gravidez de risco, Cati Freitas se viu impedida de subir aos palcos. Durante esse tempo, as canções tornaram-se a sua companhia, surgindo a vontade de as trazer aos concertos tal como elas começam, na voz e no piano, sem subterfúgios ou distracções. Num concerto marcado pelo intimismo, Cati Freitas demonstra o seu trabalho de exploração da língua portuguesa, com um som que recolhe influências da MPB, da música pop, da intemporalidade acústica do jazz e das refinadas vozes de Ella Fitzgerald, Amália Rodrigues e Elis Regina.
Depois do irrepreensível sucesso da série “o resto da tua vida”, que conta com mais de meio milhão de visualizações por episódio, Carlos Coutinho Vilhena, humorista, e João André, actor, juntam-se para levar a cena “O Resto da tua vida ao vivo”. A tão acarinhada dupla, que trouxe pela primeira vez ao YouTube aquele que é um documentário onde a realidade e a ficção confundem o público e os media, desafia os seus seguidores a saírem do conforto de um ecrã para uma sala de Teatro. “O resto da tua vida, ao vivo”, assenta num diálogo entre João André e Carlos Coutinho Vilhena em que os dois disputam Teatro e Stand Up, dando sempre o veredicto final ao público. O que é que o Teatro e o Stand Up têm em comum e onde é que os dois se tocam e fundem profundamente? Qual é, na realidade, a diferença entre os dois? Este espetáculo pretende oferecer ao público textos intemporais que percorrem autores que vão desde Shakespeare a Karl Valentin, dando-lhes a versão de um ator e de um humorista. “O resto da tua vida, ao vivo” pretende, acima de tudo, elevar todas as camadas artísticas e sociais que são o foco principal da série, para as efetivar ao vivo e as transmitir a uma camada de público jovem que representa, precisamente, o futuro.